Tradicional refúgio para investidores, metal também se beneficiou da guerra comercial de Trump, e acumula alta de 30% este ano
Barras de ouro em refinaria em Sydney – David Gray /AFP
A cotação do ouro subiu nesta terça-feira (22/4) e registrou o recorde de US$ 3.500 (R$ 20,3 mil) por onça (31,1 gramas) devido ao desejo dos investidores de procurar refúgio em ativos considerados seguros devido à guerra comercial e à tensão entre Donald Trump e o presidente do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos.
O ouro era negociado a US$ 3.467,87 dólares (R$ 20,1 mil) por onça às 7h30 GMT (4h30 de Brasília). Alguns minutos antes, a cotação atingiu o recorde de US$ 3.500,10.
Trump “aumentando a pressão sobre Powell para flexibilizar a política monetária está levantando preocupações sobre a independência do Fed, o que desencadeou uma fuga para ativos de refúgio”, disse Ewa Manthey, estrategista de commodities da ING.
O valor do metal subiu enquanto a cotação do dólar registra queda, após o resultado negativo de Wall Street na segunda-feira (21/4), devido aos temores sobre a independência do Fed (banco central americano) após as críticas de Trump contra o presidente do banco, Jerome Powell.
O tradicional valor de refúgio é beneficiado pela incerteza nos mercados após a onda de tarifas anunciada por Trump no início de abril.
Os temores de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China aumentaram depois que Pequim reafirmou sua oposição a qualquer tratado comercial entre Washington e terceiros países que possam prejudicar sua economia.
O ambiente de preocupação entre os investidores se tornou ainda mais grave após as críticas de Trump ao presidente do Fed e suas declarações da semana passada de que “já é hora de que termine” seu mandato.
A agitação nos mercados financeiros foi ampliada na segunda, quando Trump publicou uma mensagem nas redes sociais em que chamou Powell de “grande perdedor” e afirmou: “baixe as taxas, agora”.
O ouro acumula uma alta de 30% desde o início do ano. Os investidores injetaram pelo menos US$ 19 bilhões em fundos negociados em bolsa lastreados em ouro durante o primeiro trimestre, de acordo com o Standard Chartered.
“A demanda física por ouro permanece robusta, particularmente na Ásia e cada vez mais na Europa”, disse Alexander Zumpfe, um comerciante de ouro da Heraeus.
“Na Alemanha, observamos forte interesse de compra por parte de investidores privados mesmo durante o longo fim de semana de Páscoa”.
Redação CNPL com informações Financial Times