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Lula e os limites do SUS

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  • 11 de dezembro de 2024

Como ocorre sempre que o petista precisa ir ao hospital (e não têm sido poucas vezes), surge a questão: por que não foi se tratar no Sistema Único de Saúde?

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil 

É a mesma história toda vez que Lula (à direita na foto) precisa de tratamento médico (e não têm sido poucas as vezes): por que foi se tratar no Sírio-Libanês, um dos hospitais de referência do Brasil, e não no Sistema Único de Saúde (SUS)?

“Me intriga a opção pelo Sirio-Libanês. Lula poderia muito bem ter ido pra UBS de Ceilândia. Viva o SUS!”, provocou o vereador de São Paulo, Rubinho Nunes (União).

“’Viva o SUS, mas vou para o Sírio Libanês.’ Descondenado, Lula”, debochou o vereador eleito para a Câmara Municipal de São Paulo Lucas Pavanato (PL).

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou o coro, lembrando que Lula pôs em dúvida a facada sofrida por Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018: “Primeiramente, ‘Viva o SUS‘!”.

Discurso e propaganda

A críticas a Lula se justificam não pela qualidade do SUS, que é questionável e deve ser questionada sempre que for necessário, mas pelo discurso do petista, que costuma confrontar as críticas ao sistema público de saúde com uma idealização que não se justifica.

O vereador Rubinho Nunes recuperou o trecho de um discurso recente de Lula que contrasta o que diz Lula e o que faz o presidente quando precisa de atendimento médico, como ocorreu na noite de segunda-feira, 9, quando o petista precisou ser submetido a uma cirurgia de emergência.

“Eu tenho dito para Nísia [Trindade, ministra da Saúde] que nós precisamos mostrar ao mundo, todo santo dia, que o SUS não é apenas grande. O SUS é o melhor sistema de saúde pública que um país de mais de 100 milhões de habitantes tem”, disse o presidente em evento recente.

“Se alguém tinha alguma dúvida sobre o SUS, a pandemia permitiu que a gente visse a verdadeira cara dos profissionais de saúde deste país”, completou Lula no trecho selecionado por Nunes.

Nem todo dia

Pelo jeito, esta segunda-feira não era dia de mostrar que o SUS é o melhor sistema de saúde em países com grandes populações.

O risco, convenhamos, seria muito alto para Lula, cuja hemorragia foi “mais importante”, segundo seu médico, o cardiologista Roberto Kalil, e demandou um procedimento de emergência.

A capilaridade do SUS foi, de fato, determinante para a resposta do Brasil à pandemia de covid, mas, como sabe qualquer cidadão brasileiro que já precisou do sistema único de saúde, os serviços são limitados e o atendimento, demorado.

Isso não quer dizer que o sistema deva ser extinto.

O recado para os defensores do SUS, mais uma vez, é que as reclamações sobre os serviços públicos de saúde no país e eventuais denúncias de irregularidades devem ser levadas a sério, sem bravatas grandiloquentes ou ataques aos críticos.

 

Redação CNPL sobre artigo de Rodolfo Borges