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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
É a mesma história toda vez que Lula (à direita na foto) precisa de tratamento médico (e não têm sido poucas as vezes): por que foi se tratar no Sírio-Libanês, um dos hospitais de referência do Brasil, e não no Sistema Único de Saúde (SUS)?
“Me intriga a opção pelo Sirio-Libanês. Lula poderia muito bem ter ido pra UBS de Ceilândia. Viva o SUS!”, provocou o vereador de São Paulo, Rubinho Nunes (União).
“’Viva o SUS, mas vou para o Sírio Libanês.’ Descondenado, Lula”, debochou o vereador eleito para a Câmara Municipal de São Paulo Lucas Pavanato (PL).
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou o coro, lembrando que Lula pôs em dúvida a facada sofrida por Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018: “Primeiramente, ‘Viva o SUS‘!”.
Discurso e propaganda
A críticas a Lula se justificam não pela qualidade do SUS, que é questionável e deve ser questionada sempre que for necessário, mas pelo discurso do petista, que costuma confrontar as críticas ao sistema público de saúde com uma idealização que não se justifica.
O vereador Rubinho Nunes recuperou o trecho de um discurso recente de Lula que contrasta o que diz Lula e o que faz o presidente quando precisa de atendimento médico, como ocorreu na noite de segunda-feira, 9, quando o petista precisou ser submetido a uma cirurgia de emergência.
“Eu tenho dito para Nísia [Trindade, ministra da Saúde] que nós precisamos mostrar ao mundo, todo santo dia, que o SUS não é apenas grande. O SUS é o melhor sistema de saúde pública que um país de mais de 100 milhões de habitantes tem”, disse o presidente em evento recente.
“Se alguém tinha alguma dúvida sobre o SUS, a pandemia permitiu que a gente visse a verdadeira cara dos profissionais de saúde deste país”, completou Lula no trecho selecionado por Nunes.
Nem todo dia
Pelo jeito, esta segunda-feira não era dia de mostrar que o SUS é o melhor sistema de saúde em países com grandes populações.
O risco, convenhamos, seria muito alto para Lula, cuja hemorragia foi “mais importante”, segundo seu médico, o cardiologista Roberto Kalil, e demandou um procedimento de emergência.
A capilaridade do SUS foi, de fato, determinante para a resposta do Brasil à pandemia de covid, mas, como sabe qualquer cidadão brasileiro que já precisou do sistema único de saúde, os serviços são limitados e o atendimento, demorado.
Isso não quer dizer que o sistema deva ser extinto.
O recado para os defensores do SUS, mais uma vez, é que as reclamações sobre os serviços públicos de saúde no país e eventuais denúncias de irregularidades devem ser levadas a sério, sem bravatas grandiloquentes ou ataques aos críticos.
Redação CNPL sobre artigo de Rodolfo Borges
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