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Apesar de incentivos governamentais, resistência social e cultural dificulta implementação de jornada mais curta
O governo japonês intensificou recentemente os esforços para promover uma semana de trabalho de quatro dias, com o objetivo de reduzir a jornada excessiva e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
No entanto, essa iniciativa enfrenta desafios significativos em um país conhecido por sua cultura de longas horas de trabalho.
Como parte de uma campanha de “reforma do estilo de trabalho”, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão vem incentivando a adoção de horários flexíveis e limites de horas extras.
Para facilitar essa mudança, o governo oferece subsídios e consultoria gratuita para as empresas que optarem por implementar jornadas de trabalho mais curtas.
Apesar dos esforços, apenas 8% das empresas japonesas permitem que seus funcionários tirem três ou mais dias de folga por semana, de acordo com dados do ministério.
Essa lenta adoção reflete a resistência cultural, onde a dedicação ao trabalho é vista não apenas como uma obrigação, mas como parte integrante da vida e das interações sociais no ambiente corporativo.
Pressão social no ambiente de trabalho
No Japão, o ambiente de trabalho é muitas vezes o principal espaço para interações sociais.
Funcionários são frequentemente incentivados a permanecer mais tempo no trabalho, participando de reuniões e jantares prolongados com colegas.
Isso cria uma pressão social para que os trabalhadores mantenham longas jornadas, mesmo quando existe a possibilidade de encurtá-las.
Um estudo de 2022 revelou que mais de 10% dos homens e 4% das mulheres no Japão trabalham mais de 60 horas por semana, o que tem levado a um aumento de casos de karoshi — termo japonês para mortes relacionadas ao excesso de trabalho.
Em 2022, foram registrados 2.968 casos de suicídios ligados ao karoshi, um número superior aos 1.935 casos de 2021.
Esse cenário reforça a dificuldade de implementação da jornada de quatro dias, uma vez que sair mais cedo do trabalho pode gerar olhares de reprovação dos colegas e, em alguns casos, sobrecarregar os demais trabalhadores.
Mudanças graduais nas grandes empresas
Apesar da resistência cultural, algumas empresas japonesas têm experimentado a semana de trabalho de quatro dias.
Em 2022, a Panasonic implementou essa opção para seus funcionários, mas apenas 150 dos 63 mil empregados elegíveis optaram por adotar o novo modelo.
A SMBC, uma corretora de valores, também oferece essa alternativa desde 2020, mas restrita a trabalhadores com mais de 40 anos e em determinadas situações, como cuidar de familiares.
Esses exemplos mostram que, embora a mudança esteja ocorrendo, ainda está longe de ser amplamente adotada, especialmente entre as empresas tradicionais do país.
A flexibilidade no ambiente de trabalho, no entanto, vem sendo promovida pelo governo como uma forma de aliviar o estresse dos funcionários, que historicamente enfrentam longas jornadas semanais.
Redação CNPL sobre artigo de Fernando Olivieri
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