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Fim da escala 6×1 seria desastroso para construção, acreditam entidades do setor

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Sem esse modelo de trabalho, mercado teria que buscar a contratação de novos trabalhadores em um cenário de escassez de mão de obra


(Foto: Angelov/Adobe Stock)

Assunto em discussão no Congresso Nacional, o fim da escala de seis dias de trabalho e um de descanso (conhecida como 6×1) seria desastroso para o setor da construção civil no país.
Essa é a opinião de Eduardo Aroeira, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Em entrevista coletiva, o executivo disse que o movimento faria com que as empresas do segmento tivessem que contratar mais mão de obra para manter o nível de produtividade nos canteiros.
Porém, o mercado atualmente enfrenta uma relevante escassez de profissionais.

“Estamos, hoje, praticamente em pleno emprego e nossa grande luta não é empregar pessoas e, sim, o aumento de produtividade. A alteração da escala neste momento, em que temos uma produtividade baixa e uma necessidade de entrega, principalmente de unidades de interesse social, com certeza, no máximo, geraria o desemprego ou a informalidade”, explicou Aroeira, indicando que, para o setor, a discussão mais importante é sobre como melhorar as condições dos trabalhadores e aumentar a produtividade por meio de maneiras diferentes de construir.

Ely Wertheim, vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC e presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), também lamentou o possível fim da escala 6×1 em um país pobre como o Brasil, em que as pessoas precisam de renda e trabalho.

“Nações asiáticas que saíram de uma trajetória de pobreza muito grande fizeram isso pelo trabalho. Trabalho é uma atividade importante para o ser humano, enriquece a vida”, destacou Wertheim.

Para ele, a discussão faz sentido em países ricos com orçamento para oferecer mais benefícios sociais.

“Aqui, precisamos trabalhar, produzir, gerar emprego e impostos”, afirmou.

“Deveríamos estar aumentando a produtividade, investindo em capacitação, empregando, entregando as coisas no prazo — não só apartamento. Vale para qualquer indústria, para qualquer serviço. Acho que será um desserviço se a gente fizer isso”, opinou Wertheim.

ENTENDA O FIM DA ESCALA 6X1

Impulsionada pelas redes sociais, a discussão sobre o fim da escala 6×1 está em alta no Congresso Nacional.

Até o momento, nenhum texto foi protocolado na Câmara dos Deputados.

Entretanto, a deputada Erika Hilton tem recolhido assinaturas para apresentar a PEC ao plenário.

No último dia 13/11’, a proposta já contava com o aval de 206 deputados — sendo que são necessárias, pelo menos, 171 assinaturas para que seja protocolada.

Esse é, apenas, o primeiro passo do processo — que ainda precisará passar por comissões, Câmara e Senado.

(Foto: bannafarsai/Adobe Stock)

O texto da PEC que está angariando assinaturas propõe alterar o artigo 7º da Constituição, sugerindo que a jornada de trabalho não poderá ser superior a 8 horas diárias; proibindo que ultrapasse as 36 horas semanais; e que seja de quatro dias por semana.

Atualmente, a Constituição define que a jornada de trabalho normalmente não pode ser superior a 8 horas diárias; que some 44 horas semanais, no máximo; e permite que seja estendida por até 2 horas.

Por meio de nota, o Ministério do Trabalho destaca que acompanha o debate de perto e que considera saudável e plenamente possível a redução da jornada.

Entretanto, a pasta reforça que a questão deveria ser tratada em convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados.

“Esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada e detalhada, levando em conta as necessidades específicas de cada área, visto que há setores da economia que funcionam ininterruptamente”, detalha o texto.

EMPREGO NA CONSTRUÇÃO

Dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, no último mês de setembro, a construção civil atingiu a marca de 2.979.406 trabalhadores com carteira assinada.
Na análise de Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, os números mostram que o mercado segue aquecido, mesmo com a falta de mão de obra qualificada.

“A escassez tem afetado mais o estado de São Paulo, em que o nível de emprego na construção registrou queda. No saldo do país como um todo, o ritmo das novas contratações, que vinha desacelerando nos últimos meses, voltou a acelerar ligeiramente em setembro”, comenta.

Ainda de acordo com o Novo Caged, o salário médio de admissão na construção em setembro foi R$ 2.312,17 — superior ao salário de admissão médio geral da economia (R$ 2.158,96).

Redação CNPL sobre artigo de Vinícius Veloso