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Escassez de engenheiros coloca crescimento do País em xeque

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  • 26 de outubro de 2024

Entre 2021 e 2025, cerca de 53 mil engenheiros serão formados no Brasil, totalizando aproximadamente 265 mil profissionais no período | Crédito: Reprodução AdobeStock

Engenharia, segundo o dicionário, é a aplicação de métodos científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza em benefício do ser humano.

Sendo assim, é fundamental ao desenvolvimento econômico e social de qualquer país.

Em uma nação como o Brasil, uma das maiores economias do mundo e que precisa se reindustrializar, esse profissional se torna ainda mais crucial.

O problema é a escassez de engenheiros no Brasil.

Entidades de classe, federações das indústrias e universidades apontam a escassez de engenheiros e o desinteresse dos jovens pela profissão como graves.

Pesquisa realizada, em 2023, pelo Google for Startups para a América Latina, em conjunto com a consultoria BOX1824, revela que entre 2021 e 2025, cerca de 53 mil engenheiros serão formados anualmente no Brasil, totalizando aproximadamente 265 mil profissionais no período.

O problema é que, ainda segundo o levantamento, teremos cerca de 800 mil vagas abertas, gerando um déficit de, pelo menos, 530 mil profissionais no mesmo intervalo.

O presidente da Comissão de Obras Industriais e Corporativas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e da Câmara de Obras Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Ilso José de Oliveira, nos últimos anos temos observado uma tendência, que está ficando mais forte, de desvalorização dos serviços de engenharia.

Oliveira: temos observado uma tendência que está ficando mais forte, de desvalorização dos serviços de engenharia | Crédito: Divulgação Fiemg

“Vivemos uma espécie de comoditização da engenharia. Somos um país que precisa se desenvolver e isso está estritamente ligado à engenharia. Nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para cada 10 mil habitantes, formam-se oito ou nove engenheiros por ano. Nos países desenvolvidos, entre 25 e 30. No Brasil, formam-se apenas três. E o pior é que esse número está piorando. Trabalhamos na Fiemg com o objetivo de despertar a sociedade de uma forma geral, resgatando o valor da engenharia. Também precisamos aperfeiçoar a qualidade da formação dos engenheiros”, afirma Oliveira.

A “Pesquisa Quantitativa – Fortalecimento das Empresas de Obras Industriais e Corp”, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisa e encomendada pela Cbic, em 2021, mostra que a sociedade entende a importância da engenharia para a vida do cidadão.

No item “Impacto da Engenharia no seu dia a dia” a média nacional foi de 8,1 e para a “Importância da Engenharia para a ciência”, 9,1.

Mesma nota para “Importância da Engenharia no desenvolvimento do País”.Já quando a pergunta é “nível de interesse na Engenharia”, a média cai para 7,8.

E é, justamente, entre os mais jovens que a situação piora. Na faixa etária de 18 a 24 anos, a média é de apenas 6,9. E entre os que estão no ensino médio, cai para 7,5.

Para o diretor do Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (CET/UFVJM), Jairo Lisboa Rodrigues, o interesse cada vez menor dos jovens pelas engenharias está ligado a fatores que vão de uma formação insuficiente para acessar os cursos de maior reputação até a falta de condições financeiras para manter os estudos.

Jairo Lisboa Rodrigues afirma que em várias universidades têm sobrado vagas nos cursos de engenharia | Crédito: Arquivo pessoal

A aproximação com o setor produtivo e com as escolas de ensino médio tem sido uma das estratégias para aumentar o interesse dos jovens pela carreira de engenheiro e também formar profissionais mais preparados para atender às demandas do mercado.

“Em várias universidades têm sobrado vagas nos cursos de engenharia. De maneira geral, os alunos são desmotivados por diversos fatores, desde a não valorização das carreiras, a ascensão de outros cursos ligados à tecnologia até o custo para se manter na universidade. Ao mesmo tempo, a cadeia produtiva tem uma demanda por profissionais bem formados não atendida. Temos realizado eventos para mostrar aos jovens o que é a engenharia atual e as oportunidades que ela oferece e também visitado as escolas de ensino médio. Ao mesmo tempo, temos trabalhado para estreitar relações com as empresas para criar disciplinas e cursos que estejam mais próximos das necessidades do mercado, ampliando as oportunidades para os alunos e também para a academia”, explica Rodrigues.

A Câmara de Obras Industriais da Fiemg trabalha no mesmo sentido para evitar a escassez de engenheiros.

“Temos um grupo de trabalho dedicado a fazer uma interação com as universidades com o objetivo de contribuir pensando nos estudantes que já estão. As empresas estão ministrando cursos extracurriculares, para fortalecer a formação dos futuros profissionais. Queremos expandir essa iniciativa”, pontua o presidente da Câmara.

Em Minas Gerais, escassez de engenheiros pode afetar indústrias tradicionais e também da nova economia 

Mapa do Trabalho Industrial, desenvolvido pelo Observatório Nacional da Indústria para a identificação da demanda futura por trabalhadores na área industrial, mostra que Minas Gerais, no período 2025/2027, tem uma demanda formativa futura em linha com o País.

Considerando as expectativas sobre a economia, o Mapa prevê a necessidade de formar 14 milhões no Brasil, enquanto o Estado vai precisar de 1,6 milhão (14% do total).

Esse total é formado por 257,3 mil em formação inicial, para ocupar novas vagas criadas na economia e substituir profissionais que saem do mercado, enquanto o Brasil precisará formar 2,2 milhões de trabalhadores.

E, enquanto a demanda por treinamento e desenvolvimento em Minas será de 1,35 milhão de profissionais nesse período, estima-se que 11,8 milhões de trabalhadores precisarão investir em atualização e aprimoramento profissional contínuo para se manterem competitivos no mercado de trabalho nacional.e

As áreas de formação que mais gerarão empregos serão Logística & Transporte (com 438,8 mil trabalhadores), seguida por Construção (306,6 mil), Manutenção & Reparação (184,1 mil), Operação Industrial (178,9 mil) e Metalmecânica (175,7 mil).

Analisando as áreas com o maior número de trabalhadores formais, o maior crescimento entre 2024 e 2027 será observado em Manutenção e Reparação (aumento de 8,6%) e Tecnologia da Informação (7%).

Para o vice-presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) e membro do Conselho fiscal do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibabpe-MG), Werner Rolfs, para tentar mitigar o problema da escassez de engenheiros, as empresas estão investindo na formação interna, mas a baixa remuneração segue sendo um problema.

Segundo Werner Rolfs, da SME e do Ibape-MG, baixa remuneração segue sendo um grande problema | Crédito: Divulgação SME

“As incorporadoras estão formando a própria mão de obra, mas, ainda assim, vejo empresas contratando engenheiros em funções paralelas, como analistas, agentes de engenharia, fiscais de obra e pagando como se fossem de nível médio. Essa é uma ação que desvaloriza e afasta os melhores profissionais. Outro mal é a concorrência predatória, com encarregados e empreiteiros assumindo obras no lugar dos engenheiros. Na SME temos procurado criar novas oportunidades no mercado para gerar uma engenharia perene e, para isso, são fundamentais as parcerias com o Sinduscon-MG (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais) e com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura)”, pontua Rolfs.

Redação CNPL sobre artigo de Daniela Maciel