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Iracema Soares e o filho, William Pereira, moram em um conjunto habitacional no Arruda, na Zona Norte do Recife — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Morando num conjunto habitacional no Arruda, na Zona Norte do Recife, William Pereira da Silva, de 18 anos, divide-se entre a escola e o trabalho há pelo menos três anos. O jovem integra os 31,9% de jovens de 18 a 24 anos desempregados no Nordeste, mas busca preencher as páginas em branco da Carteira de Trabalho, emitida há menos de um mês, para sair dessa estatística.
Trabalhando desde os 15 anos na informalidade, aplicando películas em janelas e vidros de carros, William mora com a mãe, Iracema Soares, de 59 anos, e com a neta dela, uma adolescente de 14. As despesas do lar são pagas com o benefício de um salário mínimo recebido pela dona de casa, e também por meio da ajuda financeira de alguns familiares.
Mesmo com pouca idade, William descreve com precisão os efeitos incertos da informalidade para o bolso. “Aprendi esse serviço com um homem que eu considero pai e acho que é um bom trabalho. Quando eu aplico nos quatro vidros e na traseira do carro, o serviço fica por R$ 80. Quando é completo, faço por R$ 100. Só que não é sempre que eu faço, aí não é sempre que eu ganho”, detalha.
A mãe de William, Iracema, afirma ser “do coração”. “Eu fui mãe enquanto ele estava na barriga da mãe dele, mas é meu filho. É um menino calmo, não tem amizades erradas. Ele tirava notas muito boas, agora que caíram um pouco”, afirma, levemente preocupada com o boletim do filho.
William, no entanto, tranquiliza a mãe e afirma, seguramente, ter pontos suficientes para passar de ano. Depois da escola, no entanto, a incerteza toma conta do jovem. “Eu penso em fazer um curso técnico, mas não sei qual. Também penso em ter meu próprio negócio de fumê, porque gosto dessa área”, diz.
A certeza, no entanto, é uma só: a vontade de proporcionar qualidade de vida à mãe. “Eu quero sair daqui para morar numa casa, ter meu trabalho, ter meu carro. É difícil, mas eu quero muito trabalhar”, garante.
Desemprego
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil, na faixa de idade entre 14 e 17 anos, chegou a 44,5% no primeiro trimestre de 2019. Já na faixa de 18 a 24 anos, subiu para 27,3% no mesmo período.
Quanto ao nível de instrução, 56,4% dos desempregados no 1º trimestre tinham o ensino médio e 22,1% não tinham o ensino fundamental completo. Já os desempregados com nível superior completo representaram 10,4%.
Fonte: G1
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