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A Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL iniciou neste dia 3/12, em Porto Alegre (RS), a realização do seu Fórum Sindicalismo, Política e Cidadania, que reuniu um grande número de dirigentes de entidades representativas e profissionais liberais para um amplo debate sobre o atual momento sócio, político e econômico brasileiro. O Fórum segue até amanhã, dia 4, no Porto Alegre Quality Hotel.
Ao abrir o evento, o presidente da CNPL, Carlos Alberto Schmitt de Azevedo, destacou aos participantes do Fórum da importância de, nesses momentos tumultuados pelos quais passa o País, se promover encontros dessa natureza.
“A CNPL tem permanentemente deixado Brasília, sua base política e institucional, para percorrer todas as regiões do Brasil, recolhendo sugestões para a agenda trabalhista das profissões liberais, ao mesmo tempo em que promove o crescimento da interlocução, a oferta de qualificação, atualização e capacitação de dirigentes sindicais e trabalhadores profissionais liberais. Temos a certeza de que com essas ações vimos ampliando a representatividade do nosso movimento sindical que se reflete em novas conquistas e manutenção de direitos”, afirmou Azevedo.
Lamentando os acertos
Ferrari apresentou uma retrospectiva econômica, a partir do período 2011/2014, que serviu como base para esclarecer as razões do profundo pessimismo que se projeta para este fim de ano e para os, pelo menos, próximos dois anos.
“Sem aprofundar as questões éticas, morais e políticas que estão sendo amplamente debatidas, sob o viés econômico, a grande e necessária reforma que deve ser feita no Brasil, chama-se reforma tributária, de fundamental importância até mesmo para garantir a atuação social e protetiva do estado”, afirmou o economista.
Além disso, o economista mostrou que, comparativamente, a capacidade de investimento do PIB brasileiro está bem inferior no cenário internacional, até mesmo em relação com alguns países da América do Sul.
“Baixos investimentos, erros estratégicos no represamento de preços, como nos casos da energia elétrica e dos combustíveis, falta de marcos regulatórios e a precária infraestrutura também são apontados como elementos preponderantes para os péssimos indicadores apresentados pela nossa economia” enumerou Ferrari.
“Já se encontra configurado um claro cenário de recessão, representado pelos três trimestres seguidos de queda de PIB, desemprego em ascensão e queda no rendimento médio da população. Junto a dimensão da crise econômica, alia- se a questão política, a fragilidade dos partidos, a falência do modelo de coalizão presidencial, com suas alianças espúrias, agudizando a questão das más práticas de governança, com o aumento da corrupção da esfera pública, afetando negativamente a imagem do Brasil no exterior”, afirmou Ferrari.
Sindicalismo em transformação
Na sequência foi apresentado o painel “As entidades sindicais e as transformações no mundo do trabalho”, com palestra da consultora especialista em Relações do Trabalho e assessora Jurídica e Sindical da CNPL, Zilmara Alencar, cuja tônica foi o repensar do movimento sindical e a retomada do protagonismo social e político.
“Em um passado não muito distante, as entidades sindicais eram as protagonistas na luta pela democracia no país; era uma época de repressão, o movimento caminhava ao lado da sociedade. Ambos defendiam os mesmos ideais; as pautas do movimento, à época, eram gerais, não visavam apenas a defesa dos interesses dos trabalhadores, mas os interesses da sociedade, as pautas eram, portanto, sociais”, contextualiza Zilmara.
Atualmente, segundo a consultora, agravada pela grave questão do desemprego, pelas políticas antissindicais, divisões partidárias no interior do movimento operário e rivalidades intersindicais acabaram apresentando como resultado o enfraquecimento do poder sindical e uma maior rejeição ao papel dessas entidades junto à sociedade, principalmente por uma visão agressiva e negativista da atividade através da imprensa.
“Essa campanha, junto com ações antissindicais, além de enfraquecer e denegrir o movimenta de representação laboral, interessa apenas aos patrões e ao grande capital, que se beneficiam diretamente da divisão entre os trabalhadores dentro do próprio movimento sindical”, exemplifica a consultora.
No entendimento de Zilmara Alencar, a crise sindical se defronta com a tendência de individualização das relações de trabalho, deslocando-se o eixo das relações entre capital e trabalho da esfera nacional para os ramos de atividade econômica.
“Essa tendência de individualização é aprofundada, quando o eixo se desloca para o local de trabalho, para empresa e, por fim, para uma relação cada vez mais individualizada”, especifica.
O reflexo disso, de acordo com ela, “é que aquele movimento que, no passado, foi protagonista, hoje encontra dificuldade de mobilização, sem conseguir modificar as visões de individual para coletivo. Enfim, tornou-se um mero coadjuvante nas ações políticas e sociais”, disse.
Zilmara exortou aos presentes uma ação mais propositiva e proativa. “O sindicalismo não pode ficar de braços cruzados contemplando as turbulências da vida e a agonia de uma ordem mundial capitalista na esperança de que as mudanças ocorram por geração espontânea. A história nos mostra que sem a iniciativa firme e consciente da classe trabalhadora o regime de exploração e alienação comandado pela burguesia não sai de cena e não cede, sem luta, lugar ao novo”, concluiu.
Assessoria de Imprensa / Comitê de Divulgação CNPL
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