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Num mundo em que a renda do trabalho em relação ao PIB global caiu 9% nas últimas três décadas e onde, ainda, 58% dos países excluem seus trabalhadores e trabalhadoras da legislação trabalhista – enquanto 70% deles simplesmente impedem a realização de greves – chega a ser pequena a proporção dos habitantes do planeta que acreditam que o sistema econômico existe para favorecer os ricos. Embora maioria – 75%, ainda é tímida a quantidade de pessoas que se declaram inteiramente convencidas sobre as reais regras do jogo.
É para discutir e definir ações sindicais que combatam essa realidade global que, desde o dia 10 até o dia 12/10, está reunido em São Paulo o Conselho Geral da CSI (Confederação Sindical Internacional). O encontro, primeiro a ser realizado pela entidade na América Latina, tem como tema “Reforçar o Poder dos Trabalhadores e Trabalhadoras”.
Os dados citados acima fazem parte de documentos entregue aos 190 participantes, vindos de diferentes países. O conjunto de informações vai nortear os debates e ajudar na feitura de resolução final do encontro, que se encerra na próxima segunda-feira. Muitos dos dados foram abordados em apresentação da secretária-geral da CSI, Sharan Burrow.
O presidente da CSI, o professor e sindicalista, João Felício, primeiro brasileiro a presidir a entidade, explica que o Conselho Geral está reunido para afinar as estratégias que serão usadas para atingir os objetivos traçados até 2018.
“Numa conjuntura internacional como essa, nosso maior desafio é proteger os empregos. Isso exige um conjunto de ações, para resistir aos ataques brutais que os trabalhadores e trabalhadoras estão sofrendo em todo o mundo”, diz Felício.
Um dos pilares para essa defesa é o fortalecimento dos próprios sindicatos, o que expõe uma situação contraditória, uma vez que o mercado de trabalho enfraquecido tende a retrair a ação sindical.
“Os sindicatos sofrem ataques na maioria dos países. Isso implica aumentar nosso poder de representação”, completa o presidente da CSI. Ele esclarece que até 2018, o objetivo da CSI é aumentar em 20 milhões o seu número de filiados, chegando então a 200 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
A CSI é integrada por centrais sindicais nacionais, como as brasileiras CUT, Força, UGT a CNPL, Confederação Nacional das Profissões Liberais, que se fez representada por sua vice-presidente e membro do Conseslho Geral da CSI, Maria Terezinha Oscar Govinatzki, que foi acompanhada pelo Assessor de Relações Internacionais, Luiz Eduardo Gautério Gallo.
Nesse encontro em São Paulo, A filiação da Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST, à CSI foi aprovada pelo Conselho Geral.
Contra a cobiça corporativa e pelo trabalho decente
“Pelo fim da cobiça corporativa” é o lema de uma das campanhas que vêm sendo realizadas pela CSI, explica a secretária-geral, Sharan Burrow. E resume uma linha de ação, entre outras, adotadas pela CSI. “Devemos pressionar os governos a se posicionarem contra a predominância do mercado e do sistema financeiro sobre as políticas”, disse durante sua apresentação.
Uma das marcas da CSI é sua diversidade. As centrais que a compõem, além de obviamente manifestarem realidades locais diversas, possuem concepções políticas também diferentes.
O que as une é a certeza de que o mercado de trabalho no mundo inteiro vem se deteriorando, especialmente após o início da crise internacional, em 2008.
Há, porém, locais na Terra em que as condições de vida são cronicamente precárias, não importa o período, como é o caso, destacado nos documentos apresentados para o encontro da CSI, da Palestina.
Para dar conta dos desafios, a CSI está concentrando seus esforços em algumas linhas de atuação gerais que, crê, devem ter participação do movimento sindical:
– eliminar a escravidão;
– erradicar a pobreza extrema até 2030 (em consonância com as metas propostas pelo Banco Mundial);
– eliminar a fome e garantir a segurança alimentar;
– garantir políticas educacionais inclusivas;
– promover igualdade de gênero;
– promover novas formas de energia limpa;
– orientar os países a um crescimento econômico sustentável;
– incentivar novo ciclo de industrialização;
– reduzir desigualdades entre os países;
– acompanhar e pressionar por mudanças que combatam o aquecimento global e que proporcionem o surgimento de novas modalidades de emprego;
– contribuir para paz, justiça e democracia;
“A CNPL vem, em consonância com as propostas e as políticas sociais e trabalhistas da CSI, CSA e OIT, participando de forma contínua e efetiva nessa campanha mundial pela implantação, em todos os níveis, do trabalho decente, além de investir permanentemente na qualificação, capacitação e formação de trabalhadores e dirigentes sindicais através de nossas federações filiades e sindicatos na base, onde representamos mais de 15 milhões de trabalhadores”, afirmou Maria Terezinha que ocupou a tribuna em nome das trabalhadoreas brasileiras.
Nobel da Paz
O congresso da CSI teve um momento extremamente simbólico quanto à contribuição que o movimento sindical pode dar na superação dos grandes desafios mundiais, quando foi realizada uma homenagem a Houcine Abassi, secretário-geral da central tunisiana UGTT. Ele – e sua entidade por extensão – recebeu o Nobel da Paz 2015, por sua participação no diálogo quadripartite nacional que garantiu as eleições naquele país, logo após a promulgação da Constituição, ocorrida um ano antes do prêmio.
Assessoria de Imprensa CNPL, com Assessorias de Imprensa CSI-CSA e CUT Brasil
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