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Planejando a compra da felicidade familiar do início ao final do ano

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O fim do ano e o início de novo ano sempre exigem importantes decisões para as familias, sobretudo para as de limitado poder de compra, para as quais a margem de manobra é infinitamente menor e qualquer descuido vai abalar suas finanças.

Diante das inevitáveis compras natalinas, de um lado, e o 13º terceiro salário, no outro lado da balança, desafiam as famílias que não querem iniciar o ano novo com velhas angústias de novo. O primeiro passo é estabelecer prioridades, tanto para quitar as velhas dívidas como para pagar as novas que vem vindo por aí. As tradicionais dívidas exigem o planejamento dos gastos (e aí entra toda a família, se possível gerando receitas também), mês a mês, a partir de prioridades definidas coletivamente, não esquecendo nunca que as rendas são finitas mas a tentação ao consumo é infinita e prazeirosa. Mas o prazer pode ter um custo às vezes desagradável, no famoso “day after”.

O equilíbrio orçamentário familiar exige várias outras providências, além de planejar e priorizar. E a família ao fixar prioridades devem ter preferência os gastos com plano de saúde, educação, mobilidade, sadia alimentação,  segurança e habitação, tidos como fundamentais para todos. E os outros que venham depois: lazer, diversão, entretenimento etc. Tudo muito bem dosado e sem desperdício algum.

O verdadeiro equilíbrio orçamentário familiar deve incluir a formação de reservas – poupanças coletivas -, para usar nas boas oportunidades ou nas más ocasiões.

Essas reservas, geradas pelo não consumo corrente de alguns bens e serviços, com o devido acréscimo financeiro decorrente de sua aplicação responsável, vai permitir adquirí-los no futuro, em maior quantidade e/ou melhor qualidade. Isto é: o sacrifício do consumo de hoje será compensado pela satisfação ampliada no futuro. Outro aspecto importante na boa execução do orçamento familiar derivará da paciência em pesquisar e comparar preços, condições de pagamento e, no caso dos bens duráveis, as garantias oferecidas, a assistência técnica e disponibilidade de peças de reposição. Isso vale tanto para um automóvel como para um liquidificador.

Mesmo nas compras rotineiras do mês vale a pena comparar preços, por menor que seja a economia. Se ela for de R$ 100,00/mês, ao final de um ano a família terá economizado R$1.200,00, cujo uso vai depender de suas prioridades. Aí se incluem desde um novo eletrodoméstico (de preferência que consuma menos energia) até uma breve viagem de férias.

O pagamento à vista, quando possível, pode trazer três vantagens ao consumidor: só gasta o que tem, não se endivida no futuro e pode obter menores preços, pechinchando na hora da compra.

E quanto maior for o preço do bem e quanto maior for a concorrência entre os vendedores, mais chances tem o consumidor de obter preços menores. Em mercados cartelizados ou monopolistas, essas possíveis vantagens ficam bem menores. Ou não existem. Voltando às compras natalinas, o mais recomendável é que a família defina quanto, com o que  e com quem vai gastar. Isso bem antes, para que possa inclusive pesquisar,  comparar preços e outras vantagens. Acreditar em promoções de Natal, com preços de barbada, só para os que acreditam em Papai Noel. É claro que se essas compras forem de eletrônicos, sempre há o risco de se adquirir com muita antecedência algo que logo depois vai  ser superado por um modelo novo, mesmo que a diferença seja apenas de cor. Para quem não tomou nenhuma dessas providências, fique certo que irá enfrentar longas prestações, comprometendo o orçamento futuro, afora as altas taxas de juros, que no Brasil estão entre as maiores do mundo. Tem juros de cheque especial que chegam a 300% ao ano, para uma inflação anual de 6,5%. Mas para os imprevidentes ainda virá o pior pela frente, logo no início do ano. Afora as parcelas das compras natalinas, as famílias terão as despesas habituais: IPTU, anuidade do conselho de fiscalização, compra de material escolar e/ou matrícula dos filhos que vão crescendo de idade e de escolaridade. Tudo isso somado poderá comprometer seriamente o orçamento futuro, até porque não se pode parcelar as contas de água, energia, gás, transporte e plano de saúde. E o pagamento com atraso sempre é uma operação arriscada. Mas quem fizer o dever de casa e tiver disciplina orçamentária fique certo de uma coisa: o dinheiro não vai trazer felicidade, mas ajuda a mandar buscá-la.

(*) – Vice-Presidente da Federação Nacional dos Economistas e Diretor Adjunto da CNPL. Atua como consultor e projetista.

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