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Petrobras é cobrada sobre defasagem, e Lula deve encarar crise dos combustíveis depois de alimentos

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  • 29 de janeiro de 2025

Presidente da petroleira, Magda Chambriard, que se reuniu com Lula nesta segunda-feira, 27, tem encontro marcado com representantes dos sócios privados da empresa na quarta e será cobrada sobre preços de gasolina e diesel

 Nem bem conseguiu colocar em marcha um plano para a inflação dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem que lidar agora com uma nova crise: a do reajuste dos combustíveis.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que se reuniu com Lula na segunda-feira, 27, tem encontro marcado com representantes dos sócios privados da empresa  e tratará, no dia 29,  da defasagem nos preços da gasolina e do diesel.

Cálculos usados nas discussões internas da Petrobras, com base nos preços praticados no fim do ano passado, dão conta de que deveria ser aplicado um reajuste na gasolina de 13% e de 11% no caso do diesel.

Na semana passada, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), com a queda do dólar e do petróleo, a gasolina estava 7,5% mais barata no Brasil do que no exterior e o diesel, 15%.

O equilíbrio é importante para empresas que concorrem com a Petrobras no refino e venda de combustível no mercado interno e que têm seus negócios impactados pela fixação dos preços no Brasil.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast na semana passada, Magda disse, no entanto, que “a taxa de câmbio – um dos componentes para a fixação dos preços – está muito volátil e que prefere não fazer movimentos antes que haja uma estabilidade na cotação do dólar’. 

Ocorre que a reunião do Conselho de Administração marcada para o dia 29, é para tratar de preços praticados no trimestre encerrado em dezembro.

Por isso, segundo relatos, ela deverá ser interpelada sobre o assunto por representantes de investidores privados, que desejam saber se a Petrobras vai praticar preços de mercado ou se reconhecerá que está contendo aumentos a pedido do presidente Lula.

Nenhuma das duas respostas tendem a deixar Lula em situação confortável. Ou os preços subirão ou o presidente será novamente acusado de intervir na companhia.

Desde o antecessor de Magda na Petrobras, Jean Paul Prates, a companhia não segue pari passu as cotações internacionais do petróleo e do câmbio.

Prates introduziu na fórmula variações de custos locais de produção, o que ele classificou como de “abrasileiramento” na fórmula de preços da Petrobras.

Sob Magda, o último reajuste ocorreu em julho e alcançou só a gasolina – o diesel ficou estável.

O aumento nas refinarias da Petrobras foi de 7,12%, mas como a composição da gasolina nas bombas leva etanol, que subiu 17,58% no ano passado, o resultado é que a gasolina ficou 9,71% mais cara em 2024. O diesel ficou praticamente estável (alta de 0,66%).

Apesar da atenção sobre o tema, auxiliares de Lula afirmam que Magda esteve em Brasília com o presidente, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira para discutir o plano de investimentos da Petrobras.

A executiva deixou o Palácio sem falar com a imprensa. Procurada, a Petrobras não comentou.

O economista Adriano Pires, do Cbie, afirma que a atual condução da política de preços se assemelha à praticada no governo Dilma Rousseff (PT), quando o então presidente José Sergio Gabrielli defendia que era preciso esperar por uma estabilidade ou que o câmbio atingisse um novo patamar para, só assim, mexer com os preços dos combustíveis.

“Acontece que o mercado de petróleo e o câmbio funcionam com alta volatilidade, é uma justificativa meio nonsense dizer que se espera uma estabilidade”, diz ele.

Pires diz não acreditar que a Petrobras faça reajuste neste momento, após a sinalização feita por Magda em entrevista ao Estadão, lamentando os efeitos que isso provoca em concorrentes privados.

“Não existe uma política de mercado meia-boca, ou é de mercado ou não é”, critica.

“Colocaram tantas variáveis na política de preços que virou uma caixa preta. É possível extrair argumentos tanto para seguir quanto para não seguir as oscilações de mercado”, afirma.

Redação CNPL sobre artigo de Mariana Carneiro / Estadão