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Industrialização na engenharia civil otimiza a construção e atrai mais trabalhadores

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  • 28 de agosto de 2024

Os trabalhadores devem estar preparados para lidar com essas novas tecnologias e com o novo formato da dinâmica do trabalho – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo Francisco Ferreira Cardoso, esse sistema produtivo garante maior qualidade e reduz o desperdício de materiais no canteiro de obras

Prática crescente no campo da engenharia civil, a industrialização está presente em praticamente todos os sistemas atuais de construção urbana.

Semelhante aos processos de linha de montagem utilizados na indústria automobilística, promete gerar uma série de benefícios às empresas e aos funcionários.

Francisco Ferreira Cardoso, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) da Escola Politécnica (Poli) da USP e assistente técnico de direção da Superintendência do Espaço Físico da USP, comenta como ocorre a execução desse processo e quais benefícios são gerados a partir dele.

Segundo o professor, o principal objetivo da industrialização é aumentar a produtividade, através do uso de máquinas e equipamentos, para alcançar uma produção mais eficiente.

Ele explica que a mecanização, um dos pilares da industrialização, visa a substituir o trabalho humano por equipamentos.

Essa alteração, além de aumentar a produtividade, também melhora a qualidade do trabalho e reduz o desperdício de materiais.

Conforme o especialista, outro benefício significativo é a melhoria das condições de trabalho, uma vez que os trabalhadores passam a operar em um ambiente controlado de fábrica, ao invés do tradicional canteiro de obras.

Além disso, ele conta que a industrialização também contribui para a sustentabilidade, ao reduzir o desperdício de materiais e estabilizar o processo produtivo, fator que eleva a qualidade dos produtos.

Passos

Para a implementação da industrialização, Cardoso conta que inicialmente as empresas devem adotar a mecanização dentro do canteiro de obras, substituindo ou auxiliando o trabalho manual com máquinas, fase que pode evoluir futuramente para a automatização e robotização de atividades específicas.

O próximo passo é a racionalização dos processos, que envolve otimizar a produção através de procedimentos padronizados e treinamento dos trabalhadores.

Esse processo visa a reduzir perdas e desperdícios e melhorar a eficiência e a qualidade da produção sem a necessidade de grandes investimentos em novos equipamentos.

O terceiro nível de industrialização, segundo o docente, é a pré-fabricação, que substitui partes do trabalho no canteiro de obras por componentes produzidos em fábricas. Isso inclui a fabricação de estruturas e esquadrias, além de sistemas hidráulicos e elétricos, os quais são montados posteriormente no local da construção.

“Em estágios mais avançados, a construção pode passar a ser totalmente modular, com módulos inteiros produzidos nas fábricas e, posteriormente, acoplados no local da obra”, diz.

Adaptação

De acordo com o professor, os trabalhadores devem estar preparados para lidar com essas novas tecnologias e com o novo formato da dinâmica do trabalho.

Ele explica que as competências desses profissionais precisam ser diferentes de como eram anteriormente, visto que o processo do acoplamento dos produtos pré-fabricados pode ser feito tanto por empresas especializadas quanto pela própria construtora.

“A capacitação e adaptação das competências dos trabalhadores é uma parte crucial do processo para que eles possam operar equipamentos modernos e trabalhar com produtos pré-fabricados. Empresas especializadas muitas vezes são contratadas para montar componentes pré-fabricados, mas é essencial que os trabalhadores das construtoras estejam preparados para utilizar as novas tecnologias”, diz.

Segundo Cardoso, a industrialização permite que a engenharia civil consiga superar um dos seus principais problemas atuais desse campo: a falta de pessoas interessadas em trabalhar na área.

Para o docente, ao oferecer a oportunidade para que os jovens trabalhem como montadores em ambientes seguros, ao invés do tradicional trabalho braçal, as empresas conseguem atrair mais funcionários para a área.

“Ocorre a substituição de muitas horas de trabalho pouco produtivas da maneira tradicional por poucas horas de trabalho mais produtivo. Então surge também outro fator atrativo para os trabalhadores, que é o aumento da remuneração. Portanto, são ganhos em condições e conteúdo do trabalho, além do aumento de salários, e tudo isso pode contribuir para a superação desse gargalo da construção”, esclarece.

Projetos

De acordo com Francisco Ferreira Cardoso, as casas podem ter todos os seus módulos, ou seja, os cômodos, transportados inteiros e acoplados no local da obra.

Já em casos de edifícios, geralmente ocorre o uso gradativo dos métodos de pré-fabricação, nos quais é utilizada a estrutura pré-fabricada da construção, que depois é preenchida por componentes fixados mecanicamente, como chapas de drywall ou isolantes térmicos e acústicos.

Conforme o docente, essas tecnologias podem ser empregadas tanto em estruturas de grande porte quanto nas menores, de modo que a única variável alterada é a escala.

Devido a isso, pode haver diferenças nos equipamentos, no porte das máquinas utilizadas e também nos processos logísticos.

“Esse processo podemos observar sendo usado claramente em farmácias, lojas e lanchonetes que precisam ser construídas rapidamente e por isso necessitam desse ganho de produtividade e velocidade. No entanto, o princípio da industrialização — através da mecanização, racionalização e pré-fabricação — pode ser utilizado em qualquer projeto de construção que esteja sendo realizado”, finaliza.

Redação CNPL dobre artigo de Júlio Silva